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Ex-aluno da Panamericana fica em 1º lugar no Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira

Ex-aluno da Panamericana fica em 1º lugar no Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira

Gabriel De La Cruz Mota foi premiado por seu trabalho como designer, pela criação da luminária Lume em parceria com Manoel Fonseca do Atelier Paralelo

Vencedor do Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira de 2021, Gabriel De La Cruz Mota é designer em seu próprio estúdio, o De La Cruz, e coordenador de equipes de arquitetura interiores, design de produtos, obras e press na FGMF Arquitetos. A Lume, luminária desenhada em parceria com Manoel Fonseca do Atelier Paralelo, ganhou o primeiro lugar categoria Iluminação da premiação, graças à forma que muda continuamente quando está em uso e à haste articulada regulável que abriga o feixe luminoso e pode ser orientada em diversos ângulos, de maneira direta ou indireta.

O conceituado Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira não é a primeira experiência do ex-aluno da Panamericana com premiações. Ao contrário, antes mesmo de se tornar designer de fato, Gabriel teve seu primeiro contato com o design em 2010, quando participou de uma premiação nacional fomentada pelo SENAC no Mato Grosso. "Me formei em Arquitetura e Urbanismo no Mato Grosso, na UFPMT, a universidade Federal de lá, e na época, antes de vir para São Paulo trabalhar no mesmo escritório de arquitetura em que trabalho até hoje, me inscrevi em um prêmio que nem existe mais. Eu e um amigo participamos juntos como estudantes e acabamos vencendo em duas categorias diferentes", conta ele.

Mesmo depois de ser premiado em sua primeira tentativa de se aventurar pelo universo do design, Gabriel deixou a ideia de lado e passou a trabalhar com projetos executivos de arquitetura na FGMF Arquitetos. Apenas em 2014, depois de migrar para a equipe de obras e fundar a equipe de arquitetura de interiores na empresa, voltou a desenhar uma peça de mobiliário. "Desenhei uma estante que se destaca, com prateleiras que viram um banco. Aí, em 2015 eu a prototipei junto com um amigo e em 2016 ela entrou no catálogo da loja Carbono", relembra.

A paixão pelo design fez com que Gabriel resolvesse montar uma equipe de design de produtos dentro do escritório onde trabalha e foi exatamente para encontrar subsídios para colocar essa ideia em prática que ele resolveu procurar a Panamericana. O então arquiteto optou por fazer o curso de design de mobiliário na escola em 2016 e diz que as aulas o ajudaram bastante a atingir seu objetivo.

"Trabalhar com design era um desejo forte, mas eu sentia que eu precisava me qualificar para poder formar uma equipe. Eu até fazia os meus produtos, mas de uma maneira empírica, não tinha conhecimento aprofundado. Então eu resolvi estudar e o curso da Panamericana foi bem importante para mim em termos de repertório e de método de trabalho. As aulas me deram um respaldo, uma segurança do ponto de vista técnico. O professor Ricardo Schirmer tem um método próprio que me ajudou a desenvolver o lado do trabalho colaborativo. Alguns exercícios que a gente fez, pensando nos projetos, eu uso até hoje. Além disso ele me apresentou muitos designers e livros a serem pesquisados, foi bem legal", relembra Gabriel.

Com a ajuda do conhecimento adquirido na Panamericana, Gabriel fundou a área de design de produtos da FGMF Arquitetos. Hoje, o escritório oferece aos clientes a possibilidade de desenhar peças de mobiliário para seus projetos de arquitetura e design de interiores. "A princípio as peças são desenhadas para projetos específicos. Mas como não existe um contrato de exclusividade, a não ser que o cliente pague por isso, depois elas podem entrar em linha em outras lojas. Tenho uma equipe maravilhosa, eu não faço nada sozinho. Além de mim, são trinta pessoas super qualificadas, sendo dois coordenadores também de arquitetura de interiores", explica ele.

A mesa Alfa 7, desenhada pela equipe da FGMF Arquitetos em 2019, também ganhou o primeiro lugar Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira na categoria mobiliário e a cadeira Bel, desenhada para a rede de hotéis IBIS, ficou em segundo lugar na mesma categoria. Em 2020, o escritório criou uma coleção exclusiva de móveis e acessórios com estilo industrial e urbano em parceria com a loja Tok&Stok.

Em paralelo ao seu trabalho no escritório de arquitetura, Gabriel mantém seu próprio estúdio, o De La Cruz, onde também desenvolve mobiliário e objetos, sempre buscando o desenho simples: "Ali, sou apenas eu, um estagiário, um designer gráfico e eventualmente eu faço parcerias. Eu desenho para algumas marcas, desenho para mim mesmo e meu trabalho autoral tem crescido cada vez mais".

Questionado sobre a importância da Panamericana na sua trajetória profissional, Gabriel não poupou elogios ao seu professor: "O Ricardo é muito bom professor, dedicado, tem as aulas programadas, traz os slides montados, ele tem muito conteúdo, além das questões de estimular a criação apurando o olhar. Ele tem o foco na criatividade, que é muito importante, mas também tem um método para que a gente consiga realizar aquilo idealiza”.

Gabriel também contou que adaptou um sistema de trabalho que aprendeu na Panamericana para ser utilizado no seu dia a dia; "Nas aulas, a gente usava um método colaborativo que eu adaptei para usar no meu dia a dia de trabalho do escritório. É um método de criação que me ajuda bastante. Porque a genialidade nem sempre funciona com um 'Ah, tive um estalo!'. Quem trabalha com criação sabe que não é assim. É lógico, tem momentos em que surgem ideias de produtos incríveis e tal, mas a maior parte do tempo você tem que produzir e fazer aquilo acontecer, na raça. Não tem muito para onde fugir".

Para quem tem pretensão de trabalhar com design de mobiliário, Gabriel aconselha estudar e trabalhar muito! "Eu acredito em dois pontos. O primeiro é a construção de repertório. Tem que ler, tem que estudar, tem que entender o que já foi feito no mundo – tem muita gente querendo reinventar a roda, sem saber o que já foi feito. Eu não acredito muito na genialidade, acredito em trabalho. Mesmo os gênios como o Oscar Niemeyer e o Paulo Mendes da Rocha tiveram a oportunidade e aproveitaram a oportunidade. Botaram a mão na massa e fizeram a coisa acontecer. É exatamente esse o segundo ponto: a dedicação. Eu acho que é a transpiração, mesmo. Tem uma frase que me levanta todo dia da cama: 'Que ninguém me queira mais que você'. O cara pode ser melhor que você, mais inteligente, ter acesso a mais coisas que você, mas com dedicação constante você vai construindo o seu trabalho de formiguinha, entende? Então, meu conselho é sair dessa espera da genialidade e colocar a mão na massa. Estudar, desenhar, prototipar. Tem que se dedicar o tempo inteiro", finaliza.